Fabiana Lima (vencedora do Slam da Quadra), ao lado de Giovane Sobrevivente
É um privilégio morar em Salvador, mas conhecer além das fronteiras, onde tudo acontece. A vibe da cidade é a sua oralidade, por onde circula a cultura de verdade, a poesia da rua, da praça, da quebrada.
A convite de Lislia Ludmila, uma linda poetisa, que vive pelas rotas de poesia de Salvador, fui ser um dos jurados do Slam da Quadra, junto com Inaira Gomes, Esther Carvalho e Geisa Carvalho. Além do slam, rolou também a Batalha de MCs, apresentada por Bruno Suspeito. Dois eventos lindos em um só espaço e tempo. Muitos MCs numa batalha ferrenha e, ao final, apresentações de rappers, e, também, da Sena de Quadra, que encantou com suas composições autorais.
Concorrendo na poesia, Indemar Nascimento, Samuel Lima, Shock, Pedro Zack, Renildo Santos, Samuca Koala, Leão Lucas, Fabiana Lima, Vírus. A batalha foi sangrenta, com apresentações de poemas inéditos e outros já conhecidos, mas nem por isso menos belos. Arrepiou a todas e todos, facada na cara dos racistas, soco na cara dos homofóbicos, machistas e burgueses.
A missão da equipe de juri cada vez mais difícil, pois o nível da galera estava no topo. Décimos de diferença entre um concorrente e outro. Ao final, o trio vencedor: Fabiana Lima (R$ 100,00 de prêmio), Pedro Zack (livro "Ver(sos) Sob(re) Mim", de Sandro Sussuarana) e Indemar Nascimento (livro "O diferencial da favela: poesias e contos de quebrada", do Sarau da Onça).
E mais uma missão cumprida pela juventude da perifa. A poesia fala alto, denuncia, une a todas e todos em uma luta por direitos iguais, reparação, denúncia.
Slam da Quadra - é um movimento de rua que usa da batalha de poesia e vem denunciar as mazelas sociais como racismo, desigualdade social e machismo; trazer arte e cultura pra periferia como porta de informação, conscientização, resistência e incentivo dos que estão à margem da sociedade e tem a cada dia direitos retirados de si, pois é em meio ao caos que surge uma saída poética aberta a qualquer pessoa com disposição para afrontar os padrões obrigatórios do dia a dia, revelando a força, capacidade de expressão, interação social e construção de valores na periferia.
Valdeck Almeida de Jesus
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