Poemas de Carlos Menezes





Estudante do Bacharelado Interdisciplinar em Artes da Universidade Federal da Bahia (Salvador, Bahia, Brasil), Carlos Menezes começou a se interessar por poesia quando ainda era uma criança. Além de poeta, Carlos é rapper do grupo in.verso.


Salga a felicidade de quem tem um amor doce.
Deriva da necessidade, e mora na promessa da volta.
Adoece os amores fracos, intensifica os fortes. Ela mata, e ao mesmo traz pra vida.
Podemos enxergá-la no copo de whisky, na taça de vinho, e na música chata.
De dia, pertence aos amantes.
De noite, pertence aos poetas.
Representa a ausência do que nunca deveria ter-se ido.
Ela vai, e volta.
Ela vai e demora.
Mas volta.
E volta mais forte.
E ai de quem tem coração fraco.
Porque saudade é uma faca de dois gumes
E quando ela corta a alma,
É difícil viver em paz.
É difícil viver.
É difícil dizer.
Porque sou poeta, e acabou de anoitecer.
Minha alma foi ceifada pela saudade que tenho… Respiro apenas.
Porque já não vivo.
Saudade não mata.
Mas corta a alma.
E sem alma existo apenas.

– Carlos Meneses,  Pra não dizer que não falei da saudade


Tempestade em copo d’água

A vida é uma tempestade numa noite  de trovões.
E nós estamos em uma casa – uma estrutura – sem teto – sem telhas – que nos protegem dos lados. Das pessoas.
Aprendemos gradativamente a criar esse bloqueio.
Mas não aprendemos a nos proteger das tempestades.
E só nos resta nos molhar.
Os trovões nos fazem sentir medo.
Fazem nunca querermos quebrar esse bloqueio.
Sair da estrutura.
É por isso que nos sentimos solitários.
Buscamos nos enxergar nos outros porque achamos que somos os únicos na tempestade.
E acabamos esquecendo de estender a mão.
Nosso erro.
Podemos apenas parar de buscar nas pessoas o nosso reflexo e buscar pessoas que não façam a tempestade parar…
… Mas que sejam o nosso para-raios.
E o mais importante: Que possamos retribuir isso.

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